"Autodo livro da Santa Confraria da
Santa Misericordia.
Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 1543 annos
aos 15 dias do mês de abril do dito anno, nesta villa das Velas
na casa do Espirito Santo d'ella se ajuntaram muita
parte dos moradores da dita villa e seu termo e ordenaram a
confraria da Santa Misericordia porque o até aqui não
foi ainda feito por ordenança de irmãos nem mordomos
apontados para a dita confraria só se haviam feito mordomos
até dia de Santa Isabel, João Alves e João
Dias, tecelão, genro de Rui Vaz e arrecadadores até
o dito tempo e logo por todos os que ahi acharam presentes todos
os que se ahi achavam que foram trinta homens a maior parte
d'elles todos da governança da dita villa foi acordado
que os irmãos fossem cincoenta e os mordomos fossem dois
e que servissemum anno a saber, serviriam do dia da visitação
de Santa Isabel a outro tal dia do outro anno e os recadadores
que fossem vinte e quatro para cada anno a saber para recadadores
como para mordomos e que com estes cincoenta irmãos, assinarão
este livro todos e serão obrigados tanto que ouvirem
tanger a campainha da Santa Casa acudir á dita Casa para
quando morrer algum defunto para se vestirem nas vestias da
Santa Misericordia para irem acompanhar os defuntos e para ajudarem
todo e que puderemem esta Santa Confraria e assim serão
obrigados todos estes cincoenta irmãos quando algum irmão
fallecer o irem acompanhar do que na terra estiverem ao seu
enterramento, e a dizerem-lhe por sua alma cincoenta Padre-Nossos
e cincoenta Ave-Marias por sua alma e rogaram a mim Joam Varella
que fizesse este auto como irmão que sou e escrivão
da Casa e que agora logo elegeriam este verão aquelle
que lhes bem parecesse.
João Varella, o escrevi.- Gonçalo Fernandes, João
Alvares, Francisco Gonçalves, George Nunes, Simão
Rodrigues, Antonio Gonçalves, Gaspar Gonçalves,
Belchior Gonçalves, Roque Afonso, João Paes, Roque
Fernandes, Pedro Afonso, João Lourenço, Alvaro
Nunes, Nuno Alvares, Simão Vaz, Diogo Fernandes Rebello,
João Rodrigues, Pedro Rodrigues, Simão Fernandes,
Francisco Romeiro, Simão Alvares, Belchior Gonçalves,
Gaspar Vaz. E muitas outras assinaturas que se não puderam
ler, como se declara no auto de 15 de janeiro de 1713, em que
o padre José de Sousa Soares, provedor e mais mesarios
mandaram trasladar o primitivo compromisso e outros documentos
desorganizados pelo saque que resultou da invasão francesa
dada nas Velas no mês de setembro de 1708.
(O original no archivo da Santa Casa da Misericórdia
das Velas).
Extractado por José Candido da Silveira Avellar.
Horta, dezembro de 1904."
in ARQUIVO DOS AÇORES volume XIII, pag. 121.
Edição da Universidade dos Açores
Ponta Delgada - 1983
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